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10 de jul. de 2015

Morte Súbita - Resenha

Morte Súbita

Sinopse

Morte Súbita - Quando Barry FairBrother morre inesperadamente aos quarenta e poucos anos, a pequena cidade de Pagford fica em estado de choque. A aparência idílica do vilarejo, com uma praça de paralelepípedos e uma antiga abadia, esconde uma guerra.

Ricos em guerra com os pobres, adolescentes em guerra com seus pais, esposas em guerra com os maridos, professores em guerra com os alunos Pagford não é o que parece ser à primeira vista.

A vaga deixada por Barry no conselho da paróquia logo se torna o catalisador para a maior guerra já vivida pelo vilarejo. Quem triunfará em uma eleição repleta de paixão, ambivalência e revelações inesperadas? Com muito humor negro, instigante e constantemente surpreendente, Morte Súbita é o primeiro livro para adultos de J.K. Rowling, autora de mais de 450 milhões de exemplares vendidos.



Considerações

É difícil julgar um escritor quando se é fã incondicional dele. J.K.Rowling fez parte da minha adolescência e me acompanha até hoje, pois releio Harry Potter sempre que dá vontade. Os sete livros da coleção estão amarelados e gastos, como os livros de biblioteca depois de um tempo, mas eu e minha mãe somos as únicas a manuseá-lo.

Talvez tenha sido por isso que não procurei muitas informações sobre Morte Súbita. O máximo que li foi um trecho de uma resenha no Skoob de uma garota que falava que este livro não é nada parecido com Harry Potter.

Não, eu não esperava um livro de magia, mas fui ludibriada pelo título porque, associando-o com a sinopse, acreditei que se tratasse de um romance policial, e só percebi que não era nada disso já bem adiantada. A essa altura, eu já estava fisgada.

Logo no início, nas primeiras páginas mesmo, acontece o evento que alterará a vida da pacata comunidade de Pagford: um dos Conselheiros da cidade morre, o que deixa sua vaga livre. Este é o estopim para uma série de tramoias e manobras que os próximos candidatos à vaga vão se envolver, numa teia intrincada que envolve amigos, opositores e oportunistas, suas famílias, maridos, esposas, filhos e parentes.

Tive a sensação de ser jogada num turbilhão, algo parecido com o que aconteceu comigo no início do meu namoro, tempos atrás, quando conheci toda a família do meu marido em uma festa de Natal: cerca de cinquenta novos nomes, vozes e rostos, de quem eu deveria me lembrar. Devo explicar que sou péssima com nomes, e ainda hoje tenho dificuldade para lembrar da minha própria árvore genealógica, e, ao ser introduzida no seio das famílias de Pagford e me ver acompanhando eventos nas casas de vários membros, fiquei bem perdida. Cheguei a pensar que não conseguiria ler Morte Súbita até o fim, ou que não conseguiria ver nenhuma graça na história porque não ia conseguir memorizar os nomes de cada personagem.

Mas, depois de trinta, quarenta páginas, me vi pensando em uma das personagens, e em como ela ia reagir ao que tinha acabado de acontecer. E percebi que estava completamente enfeitiçada.

É impossível falar da história de Morte Súbita sem falar de cada um de seus personagens, e são tantos e com características tão distintas entre si, que não consigo pensar em como falar deles sem desmerece-los. Mas posso dizer que, ao acompanhar a corrida pela eleição do novo Conselheiro, começamos a descobrir que a bucólica e paradisíaca Pagford não é uma comunidade tão pura e bela quanto parece. Seus moradores têm qualidades e defeitos, e, se são heróis para algumas coisas, são vilões em outros momentos. Nos vemos constantemente pensando em como fulano ou ciclano se parece com pessoas que conhecemos no dia a dia, e a presença deles é tão marcante que, no final, temos a sensação de conhece-los a vida toda.

É notável como Rowling trabalhou com o psicológico de cada personagem, e também com o papel decisivo que os adolescentes têm nos rumos desta história. Vivemos alegrias e tristezas, e, se o final é de partir o coração, serve também para refletir e mostrar que a vida não é um conto de fadas, pois Morte Súbita não é mesmo um conto de fadas. É, antes, a história de como uma única pessoa (no caso Barry Fairbrother, o Conselheiro que morre no início), é capaz de afetar direta ou indiretamente tantas vidas, e alterar o curso delas.

E, embora a trama em nada se relacione com o fenômeno infanto-juvenil da autora, posso dizer que consegui ver nitidamente a assinatura característica de Rowling que foi a mesma que me prendeu a Harry Potter desde o início: a capacidade que ela tem de construir um universo inteiro convincente, com personagens tão sólidos e críveis, que se relacionam em diversos níveis e momentos, fazendo com que as letras desapareçam do papel, e nos vejamos submersos nas casas de cada um dos cidadãos pagfordianos.

Ah! Para os curiosos de plantão, este livro se tornou uma minissérie em três episódios, que você pode conhecer aqui: http://www.imdb.com/title/tt2554946/?ref_=fn_al_tt_1 Mas, se você é desses que comparam livro e filme, tome cuidado: é impossível ser fiel a um livro da Rowling de 500 páginas em três horas de série. Eu e meu marido assistimos, e ele ficou ainda mais irritado com a mutilação da história do que eu. Mas vale como a visualização do cenário.


Um comentário:

  1. quanta ousadia! mudança drástica de Genero literario!!! e depois para um pseudo-nome... mas sabe de uma coisa, até que eu me interessei pelo livro " o Bicho da ceda"! acho que não so eu como os fãs em geral gostariam que ela volta-se a uma nova empreitada em uma saga infanto-juvenil... VOLTA J.K estamos te esperando!!!!

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